sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Lendas

Lembro-me bem na minha época de escola, de uma das lendas mais populares entre estudantes; o fantasma da Loira do último banheiro da escola.
Há muitas versões sobre como ela morreu, fora os inúmeros atos que podem fazê-la aparecer, como dar descarga 3 vezes seguidas.
O fato é que eu sempre tive muito medo disso na minha infância. Mas um dia, num momento de aperto extremo, nem o medo da Loira me impediu de ir ao último banheiro, que descobri ser o mais limpo da escola.

Quando cheguei aqui no Japão, era muito jovem, tinha apaenas 15 anos e trabalhava numa fábrica que fazia aquecedores de água.
Os japoneses têm em sua cultura, muitas lendas urbanas e é muito comum ver muitos gibis para adolescentes recheados delas. Mesmo os mais velhos, têm muitas dessas estórias para contar e algumas confesso que me faz ter medo.

Havia um rapaz que trabalhava comigo, chamado Américo. Ele adorava ficar contando essas lendas. Talvez por perceber que tínhamos medo ou simplesmente por gostar dessas estórias mesmo.
Estávamos todos indo embora e já era noite. Nossa rota era igual até metade do trajeto, depois das 4 pessoas, cada uma ia para um lado.
Mesmo de bicicleta conseguíamos conversar, e foi nessa noite que o Américo nos contou a Lenda do fantasma do velho de tamanco, que perseguia as pessoas à noite. Caso você olhasse em seus olhos, ficaria cego ou louco.

No mesmo local de sempre, nos despedimos e cada um tomou seu rumo. Foi então que a coisa mais ridícula da minha vida aconteceu (na verdade uma delas...são muitas!)...
Estava uns 2 quarteirões de casa, então ouvi o barulho do tamanco de madeira. Senti meu corpo formigando de medo e tentava pedalar mais rápido, mas minhas pernas ficaram pesadas.
Para piorar tudo, a rua era uma subida, que eu tentava a todo custo e medo terminar, mas não conseguia.
Parecia que quanto mais tentava pedalar, mais comprida a ladeira ficava, e aquele "toc,toc,toc,toc" do tamanco se aproximando cada vez mais.
Meu coração estava disparado! Era o velho do tamanco que me deixaria cega ou louca!
Pedalar mais rápido já estava além das minhas forças,o medo era muito grande. Foi quando ouvi o barulho do tamanco bem perto e logo passou por mim....
Era nada mais, nada menos que um velho passeando com seu cachorro!
Depois desse dia aprendi duas coisas: é muito comum em cidades interioranas, velhinhos usarem tamancos de madeira e que deparar com alguém numa rua vazia de maneira inusitada é mais comum ainda.

Mas como pouca desgraça é bobagem e medo não é algo do qual você se recupere nos últimos 3 minutos de pedalada até sua casa, quando ia chegando minhas pernas não respondiam direito as minhas coordenadas.
No último trecho que separava minha casa da rua, do nada meu corpo travou e cai de lado, feito uma jaca podre e inerte.
A sorte que cai num monte de mato, que amorteceu a queda. Mas o que eu não tinha visto era meu namorado, os irmãos dele, minha irmã e amigos sentados na calçada ali

O mico da queda já havia sido tão grande, que nem tive coragem de contar sobre o velho de tamanco.
Na verdade depois de 17 anos, é a primeira vez que falo sobre isso.
Blog também é terapia! hehehehe

2 comentários:

Anônimo disse...

Hehehe!
Tamanco fantasma!
Seria holandês? XP
Beijo Tatiiiiiiiii!

Anônimo disse...

Lembro-me da historia da loira fantasma, realmente todo mundo tinha medo.
Mas o velho de tamancço atras de você deve ter sido terrivel, imagino o medaço. Entendo porque você não contou para ninguém...
Um beijo, Lina, e um bom fim de semana.